O estudo dos materiais artísticos e suas aplicações nas diferentes técnicas de pintura envolve alguns tópicos independentes.
Desenho - Para se aplicar a uma superfície ou fundo, o primeiro requisito na maioria dos casos é necessário que o fundo tenha uma certa aspereza. O método mais simples de aplicar cor é desenhar com lápis de grafita, os lápis de grafita comuns são misturados com quantidades variáveis de argila,dependendo do grau de dureza desejado; as variedades mais macias contêm pouca ou nenhuma argila.
Quando se desenha com prata metálica sobre um papel revestido com uma camada de pigmento branco, pequenas e escuras partículas do metal são retidas na superfície porosa ou granulada do revestimento, o ideal é revestir um papel de aquarela com uma camada fina de branco-da-china, usando-se um pincel grosso de marta ou pêlo de camelo.
Pintura- A tinta é feita com a mistura de pigmentos (cores em pó) com um liquido que serve de complemento, é essencial a moagem com pressão forte.
Alguns fundos devem ser tratados com uma leve camada de cola de amido, para que haja um grau apropriado de absorvência, nem baixa nem excessiva, só então a tinta a óleo poderá ser aplicada com sucesso.
As tintas para aquarela e têmpera necessitam de um grau elevado de absorvência para seu funcionamento adequado, porem as superfícies não precisam ser rugosas que tem a finalidade de produzir um efeito granulado ou lustroso.
As películas de tinta têmpera formam uma película forte e durável, há grande quantidade de água em sua composição, as partículas de pigmento nesse tipo de tinta são cercadas por aglutinantes isso não ocorre com a tinta óleo.
Soluções simples de goma, cola e caseína são adesivos mais poderosos que óleos e resinas; aglutinam as partículas de pigmento fixando-as ao fundo, mas não formam películas muito duráveis por si próprias.
Os fixativos empregados para ligar o pigmento dos desenhos em pastel e carvão são soluções muito fracas, suficiente apenas para reduzir a fragilidade do desenho.
A capacidade de uma película de tinta manter-se seguramente presa ao fundo é uma consideração básica de permanência, na fase úmida da pintura a adesão pode ser estimulada pelo uso de materiais frescos, que se comportarão de forma presumida, pela aplicação apropriada .
Uma das causas mais comuns para a falta de adesão está no uso de tinta que perdeu parte de sua capacidade de aderência, quando o material da camada começa a secar por exposição ao ar, passa por uma fase grudenta, pegajosa ou viscosa, depois da qual fica gelatinoso e, em seguida, sólido.Se já tiver passado para esses estágios antes de aplicada a pintura o desempenho não será bom.
Tintas cuja a ação de aglutinação deve-se a reações químicas como a tinta óleo, têmpera de ovo irão sempre perder seu poder adesivo, alguns outros revestimentos, como por exemplo aquarelas, tintas a guache, e vernizes de soluções simples, secam pela simples evaporação de seus solventes, não passam por mudanças químicas e normalmente podem ser reumedecidos ou moídos em água.
Uma tinta de aquarela mal feita, pode ser completamente removida com um simples toque de um pincel molhado, as melhores tintas de aquarela são perfeitamente equilibradas e ajustadas às técnicas normais de aquarela.
Quando a tinta de um trabalho de arte logo se quebra, descasca ou desintegra de algum modo, a isso chamamos de fracasso, lembrando também que a tinta não é um produto acabado, trata-se de uma matéria-prima, o produto “acabado” é a pintura.
Um pigmento é uma substância colorida e finamente dividida e quando misturado ou moído em uma consistência liquida, ele não dissolve.
Pintores, escultores ou artistas gráficos que conhecem bem as propriedades de seus materiais podem frequentemente improvisar materiais bem aceitáveis quando por alguma razão seus estoques normais não podem ser obtidos, o estudante consciente conhece bem os incovenientes dos óleos comuns, pigmentos e pinturas caseiras, qualquer aprendiz de um oficio manual ou mecânico logo sabe tudo sobre a qualidade das ferramentas.
O desenvolvimento da pintura de cavalete e mural sempre teve por base o uso de materiais de alto nível; os artistas de gerações passadas sempre compreenderam que nenhum grau de perfeição era pequeno demais para ser negligenciado, escolhiam-se produtos considerados superiores às mercadorias comuns do ramo.
O comércio de tintas artísticas é igual a outro qualquer; sempre existe a possibilidade de firmas tirarem proveito da reputação de bons materiais e os substituírem por outros de qualidade inferior com o mesmo nome, já que a maioria dos fabricantes dispõe ou pode obter dados técnicos. No passado, a seleção de materiais artísticos preparados baseava-se na experiência e julgamento dos consumidores, não havia padrões estabelecidos para o controle dos materiais de arte.
As primeiras obras de arte das quais temos conhecimento são pré-históricas, foram produzidas durante períodos que antecedem os tempos sobre os quais possuímos registros contemporâneos e conhecimento definitivo, todas as matérias-primas utilizadas nas técnicas de arte, com excessão de alguns produtos novos, são de antiguidade muito maior do que geralmente se supõe.
O desenvolvimento da arte em geral teve curso ao longo de canais distintos nos diversos países, mas foi sempre regido pela cultura, pelo tipo de civilização e pela disponibilidade das matérias-primas, no Egito as paredes de gesso e argila eram decoradas com uma pintura simples de aquarela, nas paredes de pedra se talhavam e gravavam desenhos que eram tingidos com aquarela, o clima deste pais contribuiu para que esses registros sobrevivessem tanto tempo.
As civilizações gregas, desenvolveram um processo de afresco praticamente idêntico ao “boun fresco ‘ da Itália. Os dois principais métodos de pintura de cavalete o encáustico, e um segundo processo incerto e misterioso, que de acordo com autores modernos pode ter sido óleo, têmpera à ovo, ou cera dissolvida ou emulsionada.Não se sabe da existência de nenhuma pintura grega autentica do período clássico, o povo grego parece não ter tido nenhuma preocupação com qualquer tipo de registro de dados, ao contrario dos egípcios.
Na primeira parte do século atual a têmpera parece ter recebido seu maior impulso na Alemanha, apesar de grupos isolados de pintores ingleses e americanos também terem sido pioneiros em seu uso.
Durante o século XVI, os materiais e os procedimentos técnicos da pintura a óleo tinham se tornado suficientemente desenvolvidos para que os mestres da pintura italiana pudessem explorar seus efeitos com boas vantagens, durante o século XVII a prática já era universal . A partir de 1600, os fundos e tintas puras de óleo também passaram a ser utilizados quase universalmente.
Os óleos secativos antigos haviam sido usados desde os tempos mais remotos como adições menores e eventuais às técnicas de pintura, e para fins protetores ou mera decoração, alguns dos efeitos mais duráveis conseguidos pelos grandes pintores nos primeiros tempos da pintura a óleo foram atribuídos ao uso de resinas misturadas à tinta a óleo.
Durante o século XVII, e durante o século XIX, o conhecimento e estudos dos métodos e materiais de pintura entraram numa espécie de período das trevas, o abandono dos estudo racionais dos materiais no século passado exerceu um efeito sobre o desenvolvimento das formas de arte.
Por outro lado, a luz elétrica por exemplo removeu obstáculos que tendia a manter a pintura a óleo dentro de certos limites.
Mergulhando em registros, encontramos observações sobre os méritos relativos da pintura sólida e do uso de velaturas, vemos retratos da década de 1840, onde efeitos de velaturas foram utilizados com grande efeito, tanto nos fundos, no panejamento, como nas faces
Por volta de 1860, os velhos livros e manuscritos já tinham sido traduzidos para línguas modernas. Seguiu-se um período de estudo e interpretação desses métodos, que já foram adaptados ao uso moderno.
Pode-se dizer que o material sobre o qual uma pintura a óleo ou têmpera é executada è dividida em duas partes: a imprimação, ou fundo , e o suporte, que é a fundação ou apoio. Os três tipos de fundos são: os fundos a óleo, os de gesso e os fundos de emulsão.
Na pintura o termo “tela” geralmente implica um tecido revestido, pronto para ser usado; a palavra é também empregada para uma pintura a óleo acabada; as telas de algodão de preparação ou imprimadura inferior apresentam uma superfície plana s sem características; poderiam mesmo ser chamadas de imitação do original, o seu uso se justifica somente em casos extremos.
Tanto as telas em linho como em lona se acham no mercado facilmente e são de qualidade muito melhores, telas já prontas possuem a vantagem de ter sido preparadas em oficinas de operação contínua.
As telas artísticas preparadas com óleo são vendidas em duas qualidades, “ com imprimação simples” e “ com imprimação dupla”, e a controvérsia de qual é melhor não parece ter fim, alguns julgam a imprimação dupla melhor por ser mais rígida e mais cara.
Em relação à aplicações de fundos a óleo em painéis, são essenciais as mesmas regras das que são usadas em telas, quando uma superfície muito lisa for necessária, duas ou três camadas finas de tintas a óleo são aplicadas sobre uma camada de cola,
A cola é considerada uma necessidade absoluta mas não é um revestimento, é um liquido empregado para preencher os poros e isolar camadas; a tinta a óleo nunca deve estar em contato direto com a fibra ou a tela ira apodrecer, tornando-se frágil, quebradiça e esfarelada, nenhum pigmento seco deve ser misturado com óleo para propósitos de imprimadura.
Hoje em dia as melhores colas são vendidas sob nomes de colas de pele de coelho e couro de bezerro que são feitas dos ossos e da pele desses animais.
Linho e o algodão de boa qualidade encontram-se também disponíveis e adequadamente preparados com fundo de polímero acrílico pois o polímero
não contém os ácidos que tendem a deteriorar as fibras de algodão ou linho fazendo o uso de cola desnecessário.
O fundo de polímero acrílico não deve ser diluído com água em excesso, pois reduz a força de adesão da resina.
Chassi.- Os chassis são feitos com sarrafos de madeira, do tipo cunha, com cantos de encaixe e lados chanfrados,deve-se cortar a tela com cerca de 8cm a mais, em cada dimensão do chassi, e colocar sua face sobre uma mesa ou no chão, o próximo passo é grampear os cantos, tomando o cuidado para não posicionar os grampos em madeira que seja fina demais no encaixe macho e fêmea. Obtêm-se uma grande proteção quando uma folha de papelão é presa ao verso do chassi ou moldura de modo que alguma circulação de ar seja possível mas que a tela esteja bem isolada. As mudanças na temperatura e na umidade afetarão a tela mais lentamente e em menor proporção do que fariam sem este dispositivo, um preparado com cera de abelha era utilizado para proteger o verso de algumas das antigas telas americanas, mas os quadros assim tratados não parecem ter sobrevivido em condições melhores que as telas não tratadas do mesmo período.
Quando um fundo de gesso é aplicado no verso de um pedaço de uma tela preparada a óleo, o gesso resiste às rachaduras., também recomenda-se que as telas fiquem 6 meses guardadas antes de usar, a fim de assegurar a secagem plena do óleo.
As películas de tinta em painéis de madeira que sobreviveram por centenas de anos permanecem intactos em virtude de um fundo preparado com cola animal de gesso-cré, devidamente aplicado, contendo carbonato de cálcio, que age efetivamente como uma espécie de barreira contra os vapores ácidos emitidos pela madeira.
Vários tipos de wallboards (chapa artificial de fibras de madeira para revestimento de paredes) têm sido utilizados para construções leves já há mais de cem anos. Os tipos disponíveis no mercado podem ser agrupados em varias classes e são vendidos em madeireiras
Após a seleção e preparação de um suporte para o painel, a próxima operação e revestir o painel com varias camadas de preparado de gesso branco, esta preparação também é denominada imprimação do suporte. O gesso é um material cremoso ou liquido,é feito pela mistura de um pigmento branco inerte como o gesso-cré, com um aglutinante aquoso como por exemplo uma solução de cola, gelatina ou caseína .
Alguns tipos de gesso podem ser moldados ou modelados em desenhos de relevo ou entalhado, quando finalmente sexo, sua superfície é normalmente lixada até um acabamento macio e liso como o marfim.
A imprimação feita com polímero acrílico não é o autêntico gesso, embora a maioria dos fabricantes denominem este material “gesso acrílico”.
Os quadros antigos pintados sobre fundo de gesso apresentam frequentemente um sistema padrão de pequenas fissuras, contanto que as partes, não tenham se tornado soltas ou estejam escamando, este é raras vezes considerado um mau defeito e é aceito como efeito normal da idade.
Na hora do seu preparo, a receita do gesso deve ser bem equilibrada, uma pequena variação na cola empregada ou nas propriedades dos pigmentos inertes são suficientes para desequilibrar a receita.
A tensão superficial do gesso pode ser reduzida, pela adição de álcool à mistura, um procedimento seguro e é recomendado para o gesso em molduras, quando a solução de cola é excessivamente diluída o gesso fica frágil e mole, pequenas fissuras em forma de malha irão surgir, em geral não na forma de cisões abertas.
O suporte deve ser de textura áspera ou absorvente para oferecer uma ancoragem adequada para uma adesão no gesso, e não deve conter qualquer vestígio de óleo ou gordura.
A gelatina de melhor qualidade feita de peles, cascos e ossos de bezerros, é um produto puro, que tem sido muito usado no gesso, especialmente na preparação de fundos, a gelatina é considerada como uma segunda opção depois de colas de pele de animais.
Muitos pintores preferem usar caseína em vez de cola como aglutinante na preparação de painéis de gesso, pode ser aplicado com uma pistola de pulverização, prático quando se trata de superfícies grandes.
Vale lembrar que se o gesso for preparado com cola de peles, a mistura deve ser mantida quente durante toda a aplicação, o gesso de caseína possui uma vantagem neste respeito, pois è aplicado à temperatura ambiente normal.
Em relação à aplicações de fundos a óleo em painéis se rege pelas mesmas regras das que são usadas em telas, quando uma superfície muito lisa for necessária, duas ou três camadas finas de tintas a óleo são aplicadas sobre uma camada de cola.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
Manual do artista escrito por Ralph Mayer em 1996.
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