"A década de 30 do século XX foi marcada pelas criações de polêmicas, onde buscou-se um retorno à ordem, vista no Brasil, Europa e Estados Unidos.
Um retorno à ordem siginificava a volta de alguns valores de tradição, como a figuração. Um exemplo disso é a consagração de Portinari no Brasil e fora dele.
Nos anos 30, ocorreram algumas conquistas importantes, como a criação da Universidade de São Paulo, em 1934 e a criação do Departamento de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, em 1936.
A escola Nacional de Belas-Artes, no Rio de Janeiro, sob o comando do arquiteto Lúcio Costa, realizou, em 1931, o XXXVIII Salão Nacional, selecionando artistas modernos e alguns conservadores. Por conta dessa iniciativa, em 1940, criou-se uma divisão Moderna do Salão Nacional, que antecedeu a criação do Salão Nacional de Arte Moderna, em 1951.
Os artistas que se destacavam organizaram-se em grupos, diferentemente dos artistas que fizeram parte da Semana de 22, os do Núcleo Bernardelli, no Rio de Janeiro, e do Grupo Santa Helena, em São Paulo, tinham origem humilde.
A maioria dos integrantes desses dois grupos eram artesãos ou tinham seu sustento baseado em produções artísticas.
Núcleo Bernardelli
Criado em 1931, teve sua sede em uma das salas da Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro.
Foram expulsos da escola em 1935, não haviam professores no núcleo, mas pintores mais experientes que ensinavam a técnica de pintura aos mais jovens.
Promoviam aulas de pinturas com modelos vivos e passeios a diversos lugares no Rio de Janeiro para aulas de observação.
Participaram desse núcleo: Bruno Lechowski, Manuel de Assunção Santiago, Quirino Campofiorito, Eugênio Sigaud, Rubens Fortes Bustamante de Sá, Ado Malagoli, José Pancetti e Milton Dacosta.
Abaixo vemos duas obras de dois integrantes do núcleo, a esquerda temos a obra de José Pancetti intitulada: "Bahia, musa da paz" e a esquerda temos a obra de Eugênio Proença Segaud intitulada "Acidente de trabalho".
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Grupo Santa Helena
Foi criado em 1935, em São Paulo, numa sala do Palacete Santa Helena, um edifício já demolido na Praça da Sé. As salas do edifício foram transformadas em ateliês, além de funcionarem ali escritórios comerciais e de profissionais liberais e sedes de associações de classe.
Em 1937 é fundado o Sindicato dos Artistas Plásticos de São Paulo.
Seus membros eram artesãos, a pintura era uma atividade a ser desenvolvida à noite, nas sessões de modelo-vivo e nos fins de semana, nos arredores de São Paulo.
A produção do grupo dificilmente era vendida, o grupo permanecia longe do público e da crítica.
Pintavam retratos, naturezas-mortas e paisagens.
Foram artistas deste grupo: Francisco Rebolo Gonsales, Aldo Cláudio Felipe Bonadei, Mário Zanini, Manuel Joaquim Martins, Clõvis Graciano, Humberto Rosa, Alfredo Rizzotti, Alfredo Volpi, Fulvio Penacchi.
Em 1937, quando Volpi criou "Paisagem de Mogi das Cruzes",o artista ainda aliava o naturalismo a recursos impressionistas. Dezesseis anos depois, no apogeu, pintou fachadas de casas como podemos ver na figura abaixo do lado esquerdo.
A direita podemos conferir uma reprodução da obra intitulada: "Composição com figuras" do artista Mario Zanini e que foi produzida em 1965.
Navegando na internet, soube que esta obra de Zanini estava sendo leiloada e seu preço inicial para leilão é de R$20.000,00
Outras Associações de Artistas
Sociedade Pró-Arte Moderna (Spam)
Surgiu em janeiro de 1932 e reuniu muitas figuras do primeiro modernismo. Os membros almejavam criar um ambiente mais propício aos artistas, que os incentivasse, alargando o seu contato com os amadores de arte e com público geral.
Organizaram duas exposições coletivas e realizaram dois bailes de carnaval, com a articulação de várias linguagens artísticas, na criação de ambientes e ações programadas, que tinham o objetivo de obter fundos.
Lasar Segall foi a figura principal do Spam, tendo colaborado em suas atividades artistas como: Paulo Rossi Osir, Vittorio Gobbis, John Graz, Anita Malfatti, Regina Gomilde Graz, Jenny Klabin Segall
Clube de Artistas Modernos (CAM)
Criado por Flávio de Carvalho, promoveu exposições e tinha como um dos seus objetivos vender a produção dos artistas.
Organizou mostras de cartazes russos, trabalhos infantis e de psicopatas e recitais de canto e música. Promoveu palestras, debates e peças teatrais. Encerrou suas atividades em 1933 por dificuldades com a censura e problemas financeiros.
Flávio de Carvalho (1889-1973)
Foi um dos maiores artistas brasileiros, foi um artista muito à frente de seu tempo.
Na linguagem da performance, sua primeira simulação foi um afogamento para ver a reação das pessoas. Depois, em 1931, numa procissão de Corpus Christi, percorreu o cortejo em sentido contrário, usando chapéu, que era uma atitude extremamente desrespeitosa.
Estudou profundamente a história do vestuário, idealizou o traje para o clima do Brasil, que usou em 1956 nas ruas de São Paulo, vestindo um saiote, meias arrastão, sandálias de couro, blusa de náilon vermelha e chapéu de pano transparente. Outro escândalo foi causado quando, em 1947, realizou uma série de retratos de sua mãe morrendo, " a série trágica". Suas pinturas são de um expressionismo pessoal, assim como sua arquitetura modernista.
Em 1947, o artista fixou os últimos momentos de sua mãe nos desenhos da Série Trágica.
Retrato Saiote da polêmica
Fonte das Imagens:
Acesso- 19/01/2011
Base para construção textual desta postagem- Material didático Sistema de Ensino Energia - "História da Arte do Brasil!- Ensino Médio
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